No entanto, acho que o seguinte parágrafo merecia ser estendido:
"O problema não foi as letras miudinhas. As contas diziam-te que só irias pagar 2000 euros por mês, e depois da primeira fatura apareciam… 4050 para pagar, mais do dobro!"
O problema na realidade não foram as letras miudinhas, mas a geral literacia financeira das pessoas.
O valor dos empréstimos não passou de $2000 para $4000 de um dia para o outro. Muitos dos empréstimos eram "interest only" (muito comum nos US e UK), que faz com que o empréstimo a pagar mensalmente seja sobre o valor do juro (prestação muito mais baixa), e provavelmente muitos dos empréstimos tinha uma fixed rate baixa, diria de 2 ou 3 anos. Com a estagnação do mercado imobiliário, os preços estabilizaram, depois caíram, as interest rates aumentaram, o que fez com que pessoas sem equity no empréstimo (devido as empréstimos quase sem depósito), passassem a ter automaticamente equity negativa no momento em que a fixed rate terminou, passando assim a dever ainda mais do que deviam inicialmente (dado que o imóvel agora vale menos e tem taxas de juro mais altas), que resulta num pagamento mensal muito mais elevado.
Se, por exemplo, uma pessoa tivesse feito o mesmo empréstimo a 10 anos, "provavelmente" (se conseguisse suportar o empréstimo original de $2000 durante esse tempo), não teria tido grande problema. O governo aumentou de forma tremenda a sua dívida pública, fez bailout dos bancos), os mercados eventualmente "recuperaram", essas pessoas podiam ter feito pagamentos sobre o principal, decorridos os 10 anos, iriam reavaliar o empréstimo, onde teriam agora muito mais equity sobre o imóvel e taxas de juros historicamente baixas.
Márcio, muito obrigada pelo extenso comentário e pela partilha de opinião. Concordo que as letras miudinhas não foram "só" o problema. A literacia financeira também é um elemento fundamental na compra da casa e continua a ter, não só nas crise de 2008, como ainda hoje.
Excelente trabalho.
É, certamente, um grande documentário 👌.
No entanto, acho que o seguinte parágrafo merecia ser estendido:
"O problema não foi as letras miudinhas. As contas diziam-te que só irias pagar 2000 euros por mês, e depois da primeira fatura apareciam… 4050 para pagar, mais do dobro!"
O problema na realidade não foram as letras miudinhas, mas a geral literacia financeira das pessoas.
O valor dos empréstimos não passou de $2000 para $4000 de um dia para o outro. Muitos dos empréstimos eram "interest only" (muito comum nos US e UK), que faz com que o empréstimo a pagar mensalmente seja sobre o valor do juro (prestação muito mais baixa), e provavelmente muitos dos empréstimos tinha uma fixed rate baixa, diria de 2 ou 3 anos. Com a estagnação do mercado imobiliário, os preços estabilizaram, depois caíram, as interest rates aumentaram, o que fez com que pessoas sem equity no empréstimo (devido as empréstimos quase sem depósito), passassem a ter automaticamente equity negativa no momento em que a fixed rate terminou, passando assim a dever ainda mais do que deviam inicialmente (dado que o imóvel agora vale menos e tem taxas de juro mais altas), que resulta num pagamento mensal muito mais elevado.
Se, por exemplo, uma pessoa tivesse feito o mesmo empréstimo a 10 anos, "provavelmente" (se conseguisse suportar o empréstimo original de $2000 durante esse tempo), não teria tido grande problema. O governo aumentou de forma tremenda a sua dívida pública, fez bailout dos bancos), os mercados eventualmente "recuperaram", essas pessoas podiam ter feito pagamentos sobre o principal, decorridos os 10 anos, iriam reavaliar o empréstimo, onde teriam agora muito mais equity sobre o imóvel e taxas de juros historicamente baixas.
Obrigado,
Cumprimentos,
Márcio, muito obrigada pelo extenso comentário e pela partilha de opinião. Concordo que as letras miudinhas não foram "só" o problema. A literacia financeira também é um elemento fundamental na compra da casa e continua a ter, não só nas crise de 2008, como ainda hoje.
Rita tenho de te agradecer! O meu cérebro desbloqueia mais um bocadinho de cada vez que leio a tua newsletter. Obrigada 🙏
Obrigada, Laura, pelo comentário, fico muito contente que o conteúdo consiga começar conversas sobre o tema da literacia financeira, obrigada eu!