No começo do ano gosto de definir alguns objetivos.
Todos os anos tenho o hábito de fazer a Reunião do Agregado Familiar, na qual cada pessoa deve trazer as suas ideias para o próximo ano. Quer-se mesmo discutir quais os projetos que cada um gostava de seguir.
Isto porque muitas dessas decisões vão necessitar de dinheiro, como viagens, mudanças de vida, transições de carreira, etc. E quando há uma pessoa que está a pensar em gastar algum dinheiro, isso pode afetar os planos do outro.
Em anos passados, estas reuniões ajudaram muito a definir o ano financeiro:
Quando decidimos comprar casa, as viagens ficaram em segundo plano;
No ano em que quisemos ir aos Estados Unidos pela primeira vez, mudámos a viagem de maio para novembro, dando-nos mais meses para poupar e fizemos umas férias de verão em casa;
Um dos planos era fazer mais de 4 viagens de avião, porém eu tinha de investir umas centenas de euros em tratamentos dentários, pelo que tivemos de reduzir a intenção de viajar.
(parece que só falo de viagens, eu sei. Só que são realmente uma boa despesa para se ter, e é preciso ir dando um olhinho para não ficar descontrolado.)
Para mim, ajuda-me muito a definir um objetivo financeiro ou uma área na qual vou gastar mais num determinado período de tempo. Assim, consigo definir uma prioridade e canalizar os meus esforços e dinheiro para isso.
No dia-a-dia, ter o objetivo é uma estratégia para gastar menos em coisas supérfluas, pois quando quero gastar em algo, lembro-me do objetivo e penso se é necessário ou se é só acessório.
E qual é o objetivo deste ano, perguntas tu?
Vou-te contar.
Ao longo dos meses anteriores, fui apontando as minhas despesas e vi que consistentemente “invisto” na minha formação. Compro cursos avulso, inscrevo-me em workshops, subscrevo plataformas de conteúdos, etc.
Eu gosto mesmo de aprender, sou curiosa, estudo vários temas e acredito mesmo que a educação é uma despesa que vale muito a pena. Não deveria haver limites para o teu melhoramento pessoal e profissional.
Só que…
Só que…
Olho para a minha conta bancária e vejo os custos com algumas plataformas. Um curso aqui, um curso ali e perguntei-me: o que é eu, de facto, aprendi com este curso? O que é que eu apliquei no meu dia-a-dia?
Pintava-se um quadro assustador. Os euros apareciam de mês a mês e as perguntas multiplicavam-se.
E percebi a realidade: eu estava “viciada” em cursos.
A minha resposta a qualquer dificuldade era comprar um curso.
Sentia-me incerta em alguma coisa? Compro um curso.
É sobre a minha função e está com desconto? Comprado.
Uma subscrição anual abaixo de 100 euros? Bora nessa, Vanessa!
Até que olhei para essa tal subscrição anual e dos mais de 90 cursos que existiam, quantos cursos é que fiz? Zero. Quantas horas seguidas vi? 30 minutos. Um total desperdício de dinheiro, enterrado de uma só vez.
Poderás dizer-me que tenho de criar mais disciplina. Porém, o problema não está na educação, que eu ainda acredito. O problema está em escolher bem os meus investimentos.
Sou uma fraca, neste tema. Não tenho critério e é das despesas mais fáceis de justificar. Ela auto-justifica-se: é um curso, é para o meu melhoramento, como pode ser uma má compra?
Mas se não fizeres o curso, se não estás a estudar, se não te está a ser útil e não estás a usar, não serve de nada.
Eu estava a comprar algo que não ia usar, e não eram 10 euros na Temu. Eram centenas de euros que, acumulado em diferentes plataformas, não estavam a ser usados, mas sim desperdiçados.
Então aconteceu.
Dei um murro na mesa e disse: em 2025, não há mais cursos.
É este o objetivo de 2025.
Debí tirar más fotos? Sí. Debí tirar más cursos? No!
Posso comprar livros, ou ver vídeos no Youtube. Se o título do produto diz “curso” o cartão de débito nem sai da carteira.
Este objetivo pode ser irrelevante para ti, eu percebo.
Para mim é de facto um esforço. Só para perceberes, como sabia que este seria o objetivo, “contornei-me a mim mesma” e comprei dois cursos de propósito em dezembro e ainda não fiz nenhum deles.
Se isto não mostra o quão importante era necessário parar e avaliar, não sei mais o que pode provar.
É isto que tenho para te contar que passa por estes lados.
O que podes aprender com esta minha saga que ainda está mesmo a começar?
Não compres tantos cursos.
Mesmo que estejam com desconto, não compres tantos cursos.
Olha para o teu extrato bancário.
Não compres tantos cursos.
Conhece os teus vícios, que te estão a fazer gastar mais do que gostarias.
Desafia-te a enfrentar esses vícios.
Acende uma vela por mim 🕯️.
Tira mais fotos.
Vemo-nos daqui a duas semanas ❤️
É um desafio nos dias que correm até pelo excesso de opções e oferta. Usufruir dos cursos e formações, colocar o conhecimento em prática é importante, acumular é acumular.