Como mencionei há umas semanas, fui convidada para fazer parte de um painel para partilhar as minhas experiências de finanças pessoais na Women & Wealth, uma conferência organizada pela Portuguese Women in Tech.
Fui à edição do ano passado e foi tão inspirador, que continuamos a conversa até fecharmos as portas.
Este ano foi igual. É imensamente inspirador ver muitas mulheres interessadas em liberdade financeira e a conversarem sobre os seus desafios.
Foi uma tarde de muita informação, em que falámos de criar diferentes tipos de rendimento, a importância de investir, porque tudo deve começar num orçamento.
Eis três lições que gostava de partilhar contigo.
Conhece-te a ti mesma.
As finanças pessoais são, como dizem, pessoais. A Inês Correia mencionou que, ainda assim, há princípios que todos podemos seguir.
O “conhece-te a ti mesma” é entenderes as tuas necessidades, os teus vícios e imaginar qual seria a tua vida de sonho.
Isto porque o dinheiro deve ser uma ferramenta que te permite fazer escolhas. Sem te conheceres a ti mesma, provavelmente vais fazer escolhas que não estão alinhadas contigo, e és tu que vais ter de as viver.
Tu também mudas ao longo da vida. As necessidades alteram-se, por isso é sempre importante fazeres um check-up de quais são as tuas prioridades para que o teu comportamento com dinheiro esteja alinhado com o que queres.
Investir é mesmo a solução.
As mulheres têm tripla maldição por assim dizer: vivem mais anos, com menos dinheiro e com mais custos.
Em média, os homens podem esperar viver até aos 78,05 anos, enquanto as mulheres têm 83,52 anos de esperança média de vida, segundo o jornal Público.
Como os salários são mais pequenos, os descontos para a Segurança Social também o são e temos reformas mais baixas. A juntar à festa, segundo as estimativas de Bruxelas, quem se reformar após 2050, pode contar com 39% do último salário.
Acrescenta ainda o facto de muitas mulheres viverem com doenças crónicas, o que aumenta os custos na manutenção do estilo de vida.
Isto é: se tens uma carreira “fixe” e o teu último salário antes da reforma são 2500 euros, a tua reforma será…975 euros! Quase o salário mínimo nacional. Estás preparada para viver mais tempo, só com este dinheiro, a gastar centenas de euros na farmácia?
É aqui que entra a importância de investir.
Começar cedo a por o dinheiro a crescer é uma questão de sobrevivência.
Para garantirmos mais qualidade de vida numa altura em que não trabalhamos, não podes só pensar que vais receber a reforma do Estado, porque ela vai ser menos de metade do teu último salário. Os investimentos ao longo do tempo são um complemento que te poderão permitir ter mais qualidade de vida.
Toma o primeiro passo.
O dia de sábado foi intenso. Duas talks e um painel antes de almoço, seguido de dois workshops, outro painel e outra talk. Cada speaker trouxe nova informação para tomares nota e muitas pessoas foram para casa pensar.
Com tanta informação é natural que surja a pergunta: por onde começo?
O incentivo é que comeces mesmo. O primeiro passo não tem de ser super certeiro nem melhor: tem de ser o primeiro.
Começa pequeno: coloca 100 euros por mês num depósito a prazo para criares o teu fundo de emergência. Cria um certificado de aforro só com 100 euros. Abre o teu extrato bancário e conta quantas vezes vais jantar fora.
No fundo, estás a demorar muito tempo a pensar na melhor decisão, quando o que poderias fazer era dar esse primeiro passo.
Porque isto é uma viagem.
Vais aprendendo com os teus erros (espero que pequenos) e mudas o teu comportamento conforme as tuas necessidades. Hoje podes querer certificados de aforro, amanhã ETFs, faz tudo parte do teu caminho.
O que aconselhamos é que dês o primeiro passo - porque sem isso, a jornada nunca vai começar.
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Não sabia essa parte dos 39%. Que deprimente. Eu sei que descontamos para uma série de coisas (saúde, educação, infraestruturas), mas é realmente agridoce pensar que descontamos uma fatia tão grande do ordenado para, quando for altura de receber a reforma, receber uma parte tão pequena.